Síndrome de Estocolmo - Amando o inimigo.

Enquanto houver poderosos no planeta haverão quem queira ser como eles. E esse ciclo de poder precisa ser quebrado se queremos uma sociedade verdadeiramente humana e humanista. Uma revolução social pode estar a caminho a partir do momento em que mudarmos a percepção que temos de coisas que consideramos tão óbvias. Podemos ser vítimas, mas não seres passivos, e as armas dos "assaltantes de nossa liberdade" são, de fato, poucas, e temos força para rendê-los. A solução é radicalizar.

Muitos de nós apresentamos os sintomas desta estranha síndrome. Como assim?

Estamos sendo, dia após dia, enganados e explorados por um sistema econômico opressor. Somos reféns cativos desse sistema e de seus representantes, os políticos, banqueiros, empresários e militares. Mas nutrimos uma mal-disfarçada admiração por eles, devido, em parte, ao longo e maciço bombardeio de propaganda político-ideológica, a que estamos submetidos - uma autêntica lavagem cerebral. E assim, passamos a desejar ser como eles.

Costumamos dizer que nossos captores são parasitas, que roubam às nossas custas, que exploram o trabalhador, etc., etc., etc.. Sem sombra de dúvida essas afirmações têm fundamento, mas geralmente são ditas da boca para fora: à primeira oportunidade que temos de assumir postos de comando na escala social que nos possibilitam atingir um maior status econômico e social, repentinamente esquecemos delas e mudamos o discurso. Não, não é que mudamos de ideologia e passamos "para o outro lado". Na verdade, já estávamos identificados com "o outro lado" antes mesmo de chegar ao poder. Estamos acometidos pela síndrome de Estocolmo.
Somos como o escravo que, após anos de submissão ao seu amo, consegue a oportunidade de se apropriar do látego e passa a submeter seus semelhantes, perpetuando um ciclo aparentemente sem fim. Por isso, muitas vezes nos indignamos com os poderosos, mas assinamos a Caras e compramos Citröens e Nokias, para nos parecermos cada vez mais com os ricos e poderosos - ou, pelo menos para nos sentirmos como eles, mesmo que a aquisição de tais bens de consumo possam a vir nos "quebrar" financeiramente. É a ilusão zombando da realidade, é o fascínio pelo poder desdenhando do bolso.

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